– É aos céus que tu deves subir, Astolfo, aos campos lívidos da Lua, onde um interminável depósito conserva dentro de ampolas enfileiradas as histórias que os homens não viveram, os pensamentos que bateram uma vez aos portais da consciência e se desvaneceram para sempre, as partículas do possível descartadas no jogo das combinações, as soluções que se poderia chegar e não se chega…
Para subir à Lua, recorre-se convencionalmente às raças híbridas de cavalos ou Pégasos ou Hipogrifos. (…) Astolfo tinha seu Hipogrifo e montou à sela. Fez-se o largo nos céus. A Lua crescente veio-lhe ao encontro. Planou. (…)
Astolfo havia subido à procura da Razão no mundo do Gratuito. (…) Nos pálidos campos da Lua, Astolfo encontra o poeta, aplicado em interpolar em sua trama as rimas de uma oitava, os fios dos enredos, as razões e as desrazões. E, se ele habita bem no meio da Lua – ou é por ela habitado – nos dirá se é verdade que ela contém o rimário universal das palavras e das coisas, se ela é um mundo de sentido, o oposta da Terra insensata.
(Ítalo Calvino. O Castelo dos Destinos Cruzados)
A resposta? Veja no livro e aproveite para ler essa história completa e as outras histórias que se reuniram ao redor da mesa daquele Castelo, localizado em meio a um denso bosque…
Essa é uma pequena homenagem à 1ª lua cheia de 2009.