A exposição No Território Vasto: Cildo Meireles e artistas convidados acontece no Palácio da Aclamação em Salvador/BA conta com nove obras do artista Cildo Meireles e outras sete dos convidados: Bernardo Damasceno (RJ), Gaio (BA), GIA (BA), Grupo Poro (MG), Liane Hercket (BA), Mark Dayves (BA) e Tábata Costa (SP). Com curadoria de Tiago Ribeiro, Priscila Lolata e Bernardo Damasceno a mostra integra a programação da 6ª Bienal de Cultura da UNE e estará aberta a visitação de 20 de janeiro a 08 de fevereiro de 2009.
Sobre a exposição
Eles têm a luta política e a Bahia em comum. Uma década após sua primeira Bienal de Arte, Ciência e Cultura, que aconteceu em Salvador, a União Nacional dos Estudantes (UNE) volta à cidade, trazendo uma exposição do artista plástico que melhor soube combater os horrores da ditadura com seus irônicos e incômodos trabalhos.
A arte de Cildo Meireles, cuja primeira individual aconteceu no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), em 1967, é uma das principais atrações da extensa programação que a UNE espalha pela cidade desta terça-feira, 20, a domingo, 25.
A exposição No Território Vasto: Cildo Meireles e Convidados junta, no Palácio da Aclamação, algumas das suas mais emblemáticas obras a trabalhos de jovens artistas.
Outros destaques são o debate com o cineasta Nelson Pereira dos Santos e exibição de alguns de seus mais importantes filmes, o lançamento de caixa de DVDs com os filmes de Glauber Rocha e exibições de filmes do cineasta baiano.
Também acontecem shows com atrações nacionais (confira ao lado), além de diversos cursos, oficinas, discussões e exibições de artes cênicas, música, literatura, cinema e artes visuais.
Raízes – A 6ª Bienal da UNE, realizada em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, traz o tema Raízes do Brasil – Formação e sentido do povo brasileiro, e se lança a partir do berço histórico do País para discutir a formação do povo brasileiro sob um ponto de vista contemporâneo.
A abertura oficial do evento acontece nesta terça, às 18 horas, na sala principal do Teatro Castro Alves, com a presença de diversas autoridades e representantes da UNE.
“Salvador sempre foi muito importante para nossa história. Além de ter sido palco da primeira Bienal, foi também aqui que comemoramos os 30 anos de reconstrução da UNE”, relembra a presidente da entidade, Lúcia Stumpf.
Ela ressalta que esta edição deve reunir mais de 15 mil participantes, entre estudantes universitários, secundaristas e pós-graduandos de todo o Brasil e até de outros países, num evento em que a cultura não só será discutida, como também trabalhada pelos estudantes e usufruída por toda a comunidade.
“Estamos voltando a dialogar com artistas emblemáticos e a impulsionar o trabalho de jovens artistas, ajudando-os a encontrar seu espaço”, diz Lúcia.
Afinal, não é todo dia que se tem a oportunidade de encontrar as figuras que estabeleceram marcos nas artes brasileiras e, melhor ainda, exibir seus trabalhos junto aos destes mestres.
“Acredito que, destes, muitos serão os que estarão dando palestras e trazendo suas obras como artistas consagrados daqui a 20 anos”, almeja a presidente.
Na Mostra Estudantil Nelson Pereira dos Santos, por exemplo, são 16 os filmes selecionados para exibição, muitos deles produzidos por baianos. Entre os jovens artistas convidados a expor trabalhos inspirados na obra de Cildo e participar da sua mostra, os baianos também estão presentes.
Cildo Meireles – O artista, que acabou de encantar os europeus com uma imensa exposição na Tate Modern, em Londres, exibe aqui uma exposição inédita, com uma dezena de obras, a maioria feita nas décadas de 60 e 70. Ao contrário da mostra londrina, que agora segue para Barcelona, esta exposição exibe obras de pequeno porte – mas com o mesmo grande impacto.
“Elas são de tamanho físico pequeno, mas se relacionam a grandes questões”, reforça o artista plástico Bernardo Damasceno, assistente de Cildo, organizador da mostra e um dos artistas que participam da mostra.
Dentre as criações inesquecíveis, obras da série Inserções em Circuitos Ideológicos, do anos 70, que pertencem ao acervo particular do autor. Nesta série, Cildo retirava objetos de circulação, fazia suas interferências e os inseria novamente no sistema.
Foi assim que cédulas de cruzeiro receberam carimbos que questionavam “o suicídio” do jornalista Wladimir Herzog, e garrafas de coca-cola voltavam aos engradados com declarações que se destacavam contra o escuro do líquido doce, para amargar a consciência.
No livro que leva seu nome, publicado pela Funarte em 1981, o artista já explicava: “Na verdade, as Inserções em circuitos ideológicos nasceram da necessidade de se criar um sistema de circulação, de troca de informações, que não dependesse de nenhum tipo de controle centralizado. Uma língua. Um sistema que, na essência, se opusesse ao da imprensa, do rádio, da televisão, exemplos típicos de media que atingem de fato um público imenso, mas em cujo sistema de circulação está sempre presente um determinado controle e um determinado afunilamento da inserção”.
Seguindo na mesma linha e dando um tapa na cara dos poderes instituídos, Cildo chama atenção para o massacre de uma comunidade indígena na obra Cruzeiro do Sul. Esta é a terceira vez que a obra – um pequeno cubo de nove milímetros – feita em 1969 é exibida num espaço exatamente como determinado pelo artista, de no mínimo 200 m².
Serviço
O quê: exposição No Território Vasto: Cildo Meireles e artistas convidados
Onde: Palácio da Aclamação – Av. Sete de Setembro, 1.330, Campo Grande – Salvador/BA.
Visitação: de 20 de janeiro a 08 de fevereiro de 2009
Quando: Terça a sexta, das 10h às 18h, e sábado, domingo e feriados, das 13h às 17h.
Fontes: materiais impressos da exposição e reportagem do jornal ATarde